A Associação que sustenta o Circuito das Frutas nasceu da necessidade de cooperar. Em um cenário de municípios vizinhos com desafios semelhantes – promover turismo, preservar paisagem, organizar calendários, qualificar serviços -, a soma de esforços se mostrou mais inteligente que a competição.
Em meados da década de 1990, a região já era conhecida informalmente como “Roteiro das Frutas” e começava a despertar o interesse de agentes de turismo. A transformação toma corpo na virada para os anos 2000: proprietários rurais de Itatiba, Itupeva, Indaiatuba, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Valinhos e Vinhedo começam a se reunir, ainda em pequenos grupos, para responder a duas pressões simultâneas, a desvalorização histórica da agricultura e a forte expansão imobiliária.
A localização estratégica, entre a capital e Campinas, com excelentes acessos e qualidade de vida, atraía novos moradores e exigia mudanças no uso do solo. Para continuar no campo com renda, os produtores decidiram agregar valor ao que já sabiam fazer: abrir as porteiras ao visitante, vender direto ao consumidor e transformar a experiência agrícola em produto turístico.
As reuniões iniciadas em 1998 amadureceram uma organização representativa, apartidária e sem fins lucrativos: a Associação de Turismo Rural do Circuito das Frutas, fundada em 10 de outubro de 2000. Seu objetivo era claro: desenvolver, estruturar, organizar, fortalecer e divulgar o turismo rural regional. A entidade passou a articular capacitações, treinamentos e planejamento com forte participação dos associados. Parcerias com prefeituras, Secretarias de Turismo e de Agricultura, entidades como Sebrae, IAC e o Ministério do Turismo criaram uma base técnica comum.
Desse trabalho saíram instrumentos de qualidade e governança: oficinas de planejamento participativo e o Selo de Qualidade em Turismo Rural, que qualificou propriedades e alinhou práticas à Carta de Princípios do Turismo Rural no Circuito das Frutas, referência que, depois, inspirou a Carta Paulista. Com representação coletiva, critérios de qualidade e uma rede de parceiros, a Associação deu corpo ao projeto regional: manteve o produtor no campo, elevou a renda por meio da visitação e da venda direta e consolidou a identidade de um território agrícola pronto para se organizar como destino integrado.
O resultado aparece no cotidiano: mais previsibilidade para o visitante, mais oportunidades para negócios locais e mais visibilidade para projetos de educação, cultura e ciência. O Circuito se mantém coeso porque reconhece que a experiência do viajante não tem fronteira municipal.



